Agente paga passagens de avião para casal surdo e filhos ao ver que caíram em golpe

Publicado em

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on pinterest
Pinterest

Por uns segundos, o agente de aeroporto Raphael Cavaleiro, de 35 anos, se esqueceu da pandemia e “curtiu o abraço coletivo”, recebido por um casal surdo e os filhos, em Campo Grande, neste mês de fevereiro. Entre eles, estava a menina de 9 anos, que manteve a comunicação com Raphael e entregou a ele os falsos bilhetes, momento em que percebeu que as vítimas tinham caído em um golpe e se solidarizou com a história.

Segundo Raphael, o expediente já havia terminado, mas ele continuou o serviço para atender clientes de um voo cancelado. “Eu já tinha finalizado os trabalhos administrativos e o casal me abordou. Eles tinham mais duas crianças de colo e a menina de 9 anos, porta voz deles. Muito eloquente, ela conversou comigo, disse que estava indo viajar e me entregou o papel dos bilhetes. De cara, quando abri, já desconfiei que era um golpe”, relembrou.

Ao confirmar que realmente não havia reserva no sistema e também o relato da menina, a qual contou que o pai comprou a passagem com um contato do Facebook e a pessoa o bloqueou, logo após mandar a foto do comprovante, ele explicou o ocorrido para a família.

“Eles são leigos, mas eu bati o olho no papel e vi que tinha algo errado ali. Logo que informei a menina, ela repassou a informação e os pais ficaram bem agitados e logo a menina começou a chorar. Ela falou que eles não tinham como custear a passagem, principalmente porque o pai está desempregado. Pedi licença, fui para a sala perto do meu armário e desabei a chorar. Pensei um pouco, me recompus e chamei o meu coordenador, dizendo que estava disposto a custear as passagens”, contou.

Em seguida, chamou a família e informou que estava disposto a pagar integralmente as passagens. Foi aí que a menina disse que a família tinha um restante de dinheiro e ele complementou. “A menina ficou tão feliz. Ela disse: tio, você vai viajar com a gente? E eu respondi: Não, meu coração. O tio trabalha aqui interno. E ela complementou: Poxa, queria que fosse com a gente”, falou.

Diante a atitude carinhosa da menina e a família, ele continuou os acompanhando até a sala de embarque. “Foi neste momento que a menina me disse que era a primeira vez que estava viajando. Mostrei o avião chegando para ela, lembro que nem piscava direito. Quando chegou, nós seguimos os protocolos de assepsia por conta da Covid e depois iniciamos o embarque. Mas, antes, eles me deram um abraço repentino, o casal por cima e a menina pela cintura. Senti toda a gratidão deles”, explicou.

Agente recebei ligações parabenizando pela atitude dele — Foto: Raphael Cavaleiro/Arquivo Pessoal

Agente recebei ligações parabenizando pela atitude dele — Foto: Raphael Cavaleiro/Arquivo Pessoal

Três dias depois, Cavaleiro fala que foi surpreendido com a ligação do presidente da companhia aérea. “Ele estava agradecendo o que eu havia feito e também falei ontem que o CO das linhas aéreas. Tinha feito tudo de forma bem discreta, falando baixo com eles para não gerar constrangimento, comentei somente com um amigo meu que ajudou a pegar a bagagem. Não imaginava toda essa repercussão”, afirmou.

No entanto, ainda conforme Cavaleiro, a gerência ficou sabendo do ocorrido. Mesmo assim, com 5 anos de experiência, o agente conta que soube de várias histórias, em que as pessoas estavam vulneráveis e ele ajudou, sendo que é algo que “preferia que ficasse nos bastidores”, pois, a intenção é somente solucionar o problema.

“Já aconteceu com outras pessoas aqui, de comprarem em sites genéricos. Não é a primeira vez que eu ajudo. Teve um senhor que havia sido sequestrado, vítima do golpe do falso frete e tinha somente a passagem de avião da empresa dele. Levaram até a roupa. Ele tinha um sapato porque o policial havia dado a ele e me mostrou o boletim de ocorrência. Percebi na hora do raio-x e ele confessou que estava 48 horas sem comer. Me emocionei da mesma forma e almoçamos juntos antes dele pegar o voo. São coisas que a gente guarda, jamais esquece”, finalizou.

Mais Artigos

BID Pantanal vai destinar recursos para Corumbá

O BID Pantanal vai destinar recursos para Corumbá. Num primeiro momento, serão R$ 25 milhões para ações relacionadas à implantação do aterro sanitário; construção de três escolas (nas