“Não sei se o [irmão] maior presenciou”, estupro e feminicídio, diz delegada

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Isadora, de 11 anos, foi encontrada morta, bastante machucada, às 23h17 do domingo (12.dez.22), na casa em que vivia na Rua Giotipo, Vila Nossa Senhora das Graças, em Campo Grande (MS). A criança foi estuprada e espancada por um homem que invadiu o imóvel à procura da mãe da vítima.

No local, havia além de Isadora, os irmãozinhos dela de 3 e 1 ano, os quais ela cuidava. “Eu não sei se o maior [de 3 anos] presenciou o feminicídio, mas pode ter tido algum estresse com gritos, pois quando chegamos eles estavam dormindo”, contou a delegada do caso Karen Viana de Queiroz, em entrevista nesta 2ª.feira (12.dez).

A cronologia dos fatos, até aqui indicados, são os seguintes:

A mãe das crianças, Inezita, de 39 anos, sai às 15h30 e tranca os filhos em casa;

Mãe da menina prestou depoimento na Deam e segue presa. Foto: Henrique Kawaminami, para o CAMPO GRANDE NEWS


No início da noite, o vizinho de 49 anos, vê um homem bater palmas à procura de Inezita dizendo que precisava entregar um dinheiro para ela. Pela janela, Isadora responde que a mãe não estava. O vizinho vai ao banheiro e não se sabe o que ocorre na sequência;
Às 23h17, Inezita retorna e encontra a filha ensanguentada agonizando com diversos ferimentos.


A MORTE


Local onde Isadora, de 11 anos, foi estuprada e assassinada. Foto: Reprodução

Isadora foi encontrada no chão da cozinha com as roupas levantadas até altura da cintura e sangramento na genitália, no rosto e na orelha.

Inezita havia trancado os filhos no imóvel para ir beber em um bar. “A mãe disse que saiu de casa às 15h30 da tarde, mas estava ingerindo bebidas alcoólicas desde o meio-dia e trancou as crianças dentro da casa, com chave e cadeado. No entanto, por isso a porta estava arrombada, pois os vizinhos precisaram arrombar. Ela disse que passou por vários lugares, até que parou nesse bar, no fim da tarde e encontrou um colega, às 19h30, porém só retornou para casa às 22h30. Basicamente 7 horas fora de casa, confirmou que ficou fora e que fazia isso algumas vezes”, explicou a investigadora.

Conforme a polícia, ao retornar para casa, Inezita chamou por Isadora, que não respondeu. Com isso, a genitora deu a volta e entrou pela porta da cozinha, a qual não ficava trancada, apenas escorada por uma máquina de lavar. “Ela contou que a porta dos fundos não tem tranca e fica encostada por uma máquina de lavar. Ao sair deixou a máquina na frente da porta, mas assim que chegou viu que alguém tinha afastado o eletrodoméstico para entrar na casa”, relatou a investigadora. Tal informação indica que o autor pode ter adentrado a casa por essa porta.

Assim que entrou no cômodo, Inezita se deparou com Isadora caída no chão envolta de sangue. O Corpo de Bombeiros foi acionado, realizou manobras, mas Isadora já não respondia.

LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

A delegada disse que as investigações podem enfrentar dificuldades, pois muitos homens entravam e saiam da casa de Inezita, que faz programas sexuais para sustentar os filhos. “Acredito que ela não tenha participado do estupro, pois testemunhas viram ela no local e uma testemunha chegou com ela, até um dos vizinhos foi acionado para ajudar a arrombar a porta e tentar salvar a criança. Como os filhos têm pais diferentes e leva muitos homens para casa, os três são de pais diferentes e ela não se recorda de quem teria alguma desavença”, esclareceu a investigadora.

De acordo com a delegada, o criminoso parece ter usado um objeto para agredir a vítima. “A gente não conseguiu constatar nenhum objeto que tenha sido usado no crime, os peritos quando fizeram a investigação do local, constataram que ela foi muito machucada e não há duvida que foi vítima de violência sexual, mas também o uso de um instrumento que não foi localizado”, explicou.

A delegada confirmou a versão adiantada por veículos de comunicação. “Conversamos com vizinhos e com testemunhas próximas, eles falaram que chegou um homem perguntando da mãe dela e a mesma respondeu que não estava, mas [o homem] afirmou que precisa entregar o dinheiro para ela. Nisso o vizinho foi ao banheiro e depois de 10 minutos ouviu o neném chorando, ele saiu do portão e viu um homem saindo no sentido contrário, ele deu as características dele e vamos verificar nos arredores e já estamos com informações”, apontou.

ABANDONO DE INCAPAZ

Apesar de não ser suspeita pelo crime contra a filha, Inezita acabou presa e foi levada à Delegacia de Atendimento à Mulher da Capital (Deam), em razão de ter abandonado os filhos menores sem o monitoramento de um adulto. Inezita responderá pelo crime de abandono de incapaz, que consta do Código Penal brasileiro e pode resultar em pena de 4 a 12 anos de prisão no caso de morte da criança.

Na delegacia, ao depor, Inezita transferiu a responsabilidade pelas crianças ao vizinho. Ela também argumentou que fazia isso para sobreviver. “Ela se demonstrou um pouco abalada, mas estava procurando um terceiro para culpar pela situação e todos os vizinhos confirmam que esse comportamento dela é corriqueiro”, finalizou a delegada.

As outras duas crianças serão encaminhadas para abrigo, pois eles não têm familiares.

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