Famílias tradicionais que fazem parte da história de Corumbá estão sendo homenageadas pela Câmara Municipal, por meio de uma iniciativa do vereador Chicão Vianna, como forma de manter viva na memória dos pantaneiros, todo o trabalho realizado no passado, fundamental para o desenvolvimento da região nos mais diferentes segmentos.
“Vivemos em uma época em que tudo é corrido. Perdemos facilmente a memória dos acontecimentos que marcaram a história das nossas vidas, da cidade em que nascemos, fomos criados e vivemos”, afirmou Chicão, destacando a importância de lembrar fatos históricos do passado, e cultuar aquelas pessoas que deram uma grande parcel de contribuição para o desenvolvimento da região.
“Corumbá é uma cidade de grandes acontecimentos históricos e personalidades que ajudaram a perpetuar essa história. Por isso, temos que relembrar o passado e enaltecer as famílias que tanto fizeram por nós. E é por isso que estamos aqui, prestando homenagens a duas famílias que fazem parte da nossa rica história, da nossa rica cultura e da nossa economia”, relatou.
Nesse sentido, na Sessão Ordinária de ontem, terça-feira, 21, a Câmara prestou homenagens aos descendentes da família de Osório Gomes de Barros e da família Rondon, como Moções de Congratulações e Aplausos, pela grande relevância histórica para a cidade de Corumbá e para o Estado de Mato Grosso do Sul, dois requerimentos aprovados por unanimidade pelos demais pares do Legislativo Corumbaense.
Durante a sessão, Chicão disse que a Câmara, hoje, “registra nos seus anais, a figura dessa personalidade que marcou na economia, como fundador da Fazenda Cássia, desbravando o Pantanal, juntamente com sua esposa Maria Rondon de Barros, conhecida como Mery”, se referindo a Osório Gomes de Barros (31 de janeiro de 1898/24 de setembro de 1982).
Lembrou que, antes de se tornar pecuarista, fundando a fazenda Cássia na região da Nhecolândia, atuou como farmacêutico trabalhando na Farmácia Lima Verde, localizada na esquina das ruas XV de Novembro com a 13 de Junho, em frente a antiga Prefeitura.
“Homem íntegro, humilde, que além das atividades profissionais, sempre valorizou a arte, através da poesia, da música, envolvendo os filhos Ary Rondon, hoje morando em Bonito e que não pôde vir em função de um procedimento cirúrgico, único filho de Osório ainda vivo”, destacou, lembrando de Ivan e Jaymito, os outros filhos que integravam um conjunto em que o pai tocava flauta.
O casal Osório e Mery também tiveram uma filha, Yvy, que Deus recolheu quando ela tinha 7 anos, e que foi enterrada em Aquidauana, onde é considerada a Santinha da cidade pelos milagres atribuídos a ela e que estão sendo selecionados pelo sobrinho de Osório, o jornalista Adolfo Rondon, para uma coletânea, para iniciar o processo, junto ao Vaticano, de canonização da Santinha Yvy.
Osório Gomes de Barros, nasceu em Corumbá no dia 31 de janeiro de 1898. Deixou seu legado como poeta, compositor, articulista, flautista e espírita convicto. Ficou conhecido como o “Rouxinol do Pantanal”. Tinha um amor imenso pelo Pantanal como está comprovado em inúmeros artigos e publicações.
Suas obras estão escritas em oito volumes com ilustrações das suas colaborações em revistas e jornais de Corumbá, Campo Grande, São Paulo e Rio de Janeiro. Fez parte da Academia Corumbaense de Letras, sempre exaltando Corumbá, o imenso Pantanal e sua gente bravia.
Osório Gomes de Barros participou como jurado dos Jogos Florais de Corumbá, uma época em que se respirava cultura e conhecimento, e revelava grandes talentos.
Em seu livro “Florilégio do Vovô Osório”, exaltou a beleza da mulher corumbaense, suas netinhas, como ele as chamavam. Participou de concursos de trovas, foi um homem simples, caridoso e muito social. Defendia suas músicas em festivais. Sempre convidado para ser paraninfo de formandos e sempre envolvido em retretas musicais.
RECONHECIMENTO
Chicão ressaltou que a homenagem que a Câmara Municipal de Corumbá presta a Osório Gomes de Barros, é um justo reconhecimento pelos feitos em benefício da Cidade Branca, e que o legado deixado por ele é continuado pelos netos Ivy, esposa do médico e ex-vereador Domingos Albaneze Neto; Miriam, casada com o empresário Ivan Marinho e de família tradicional na cidade, que vieram de Campo Grande especialmente para esta homenagem.
FAMÍLIA RONDON
A sessão marcou também homenagens à família Rondon, com destaque para Cornélio Rondon, que vindo da região norte, Mimoso, terra do primo, Marechal Candido Mariano da Silva Rondon, desbravando a região do Pantanal, formando a Fazendinha que se desdobrou em várias.
“A fazenda do José Leôncio da novela Pantanal foi criada pela família Rondon, depois desdobrada entre os irmãos e hoje de propriedade de um grupo de Minas Gerais, ficando apenas algumas partes da região com a família Rondon”, acrescentou o vereador.
Em Corumbá, Cornélio se casou com Izabel de Barros Rondon, tendo 13 filhos, praticamente todos pecuaristas, formando famílias e ampliando a família. Vários descendentes que seguiram os trilhos dessa família que, com visão vanguardista, enfrentaram as dificuldades do Pantanal para criar os filhos, sempre com apoio de Corumbá.
Durante a sessão, o vereador destacou as presenças do jornalista Adolfo Rondon, residente em Corumbá, e do profissional de marketing Gino Rondon (estava acompanhado da esposa Edna Rondon), ambos sobrinhos de Osório e netos de Cornélio e Izabel de Barros Rondon.