o caso do estupro coletivo de menina jogada de paredão expôs vulnerabilidade em aldeias

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Há um ano, em agosto de 2021, um crime bárbaro de estupro coleletivo contra uma criança de 11 anoschocou os moradores de Dourados, a 225 quilômetros da Capital, e expôs a vulnerabilidade de crianças das aldeias da região. O corpo de Raíssa da Silva Cabreira foi encontrado no dia 9 de agosto de 2021, após ser jogado de um paredão de aproximadamente 20 metros, entre as aldeias Bororó e Jaguapiru.

O tio de Raíssa, Elinho Arévalo, de 33 anos, chegou a ser preso pelo crime e transferido para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados), mas foi encontrado morto no dia 12 do mesmo mês. Entre a descoberta do crime e a conclusão do inquérito policial, passou-se menos de um mês.três adolescentes foram apreendidos além do tio da Raíssa, e um jovem de 20 anos, identificado como Lucas Pinosa. O processo tramita em sigilo por envolver adolescentes e tratar-se de estupro de vulnerável. O julgamento dos autores ainda não foi realizado.

o crime

À época, aldeia em que Raíssa morava, e o barraco onde ela se abrigava. No local, não há camas, nem rede, nem móveis e nem comida. Em um ‘fogão’ improvisado, que são tijolos ajeitados ao lado de fora da tenda, panelas vazias fazem figuração. A população já passa de 20 mil habitantes e sofre com falta de moradia e de perspectiva de vida. “Faz tempo que estamos vivendo um em cima do outro. Tem barraco que abriga até 15 pessoas e isso é desumano. Nem bicho vive assim”, diz o capitão da Aldeia, Bororó, cenário do crime que chocou a população de Dourados, Gaudêncio Benitez, de 41 anos.

Líder da Aldeia Jaguapiru, vizinha, o capitão Isael Morales, também conhecido como Neco, ressalta que alguma coisa precisa ser feita para diminuir o sofrimento nas aldeias, provocado principalmente pela omissão e pelo descaso das autoridades. “Temos que unir as nossas forças e continuar lutando, mas é uma batalha muito dura porque toda essa realidade de consumo de álcool vem de berço e passa de pai para filho”.
Sem esconder o contexto vulnerável em que estão inseridos, com carência de alimentos e até de água potável, tanto Gaudêncio quanto Neco, são categóricos em afirmar que continuarão lutando para conseguir dias melhores nas aldeias e que a luz no fim do túnel está na educação, que, segundo eles, passa pelo poder público.

“Precisamos sim de comida e de água para matar a nossa fome e a nossa sede, mas também necessitamos de projetos para fortalecer as nossas famílias e impedir que as nossas crianças tenham contato com todos esses males que destroem a nossa comunidade, como o álcool e as drogas”, aconselha Neco.

A menina morava com o tio na aldeia Bororó e na noite do dia 08 foi arrastada pelos adolescente que ao perceber que Raíssa não estava em casa, Elinho, que já havia estuprado a menina diversas vezes, foi procurar a criança.

Dois dos três adolescentes teriam levado a menina à força da casa. “Ao que se sabe ela estava gritando e pedindo ajuda. O tio chegou ao local quando tudo já estava ocorrendo”, afirmou na época o delegado Erasmo Cubas. Além do tio e dos adolescentes, Leandro também estava no local.

O tio, que já abusava da menina desde os 5 anos, flagrou o momento em que os quatro acusados do crime estupravam a menina. Ele acabou participando da sessão de estupro coletivo contra a sobrinha.

Ainda de acordo com o delegado, os acusados embebedaram a criança para continuarem os abusos. Quando ela recobrou a consciência e tentou se desvencilhar dos autores, foi arrastada para a beirada da pedreira e jogada do penhasco de 20 metros. Ela ainda teve os braços quebrados quando tentava se defender.

O corpo de Raíssa só foi encontrado na manhã do dia seguinte.Os envllvidos foram levados para a Delegacia  e Elinho chegou a alegar que estava bêbado. O corpo da menina, indígena da etnia Kaiowá, foi encontrado dilacerado com a queda entre as aldeias Bororó e Jaguapiru.

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