Lei Marcial pode ser decretada no Brasil? Entenda medida que parou Coreia do Sul

Publicado em

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on whatsapp
WhatsApp
Share on linkedin
LinkedIn
Share on pinterest
Pinterest

Os sul-coreanos foram pegos de surpresa pelo anúncio de uma Lei Marcial, feito pelo presidente do país, Yoon Suk-yeol. Horas depois, no entanto, o parlamento do país se uniu e derrubou a medida, em uma sessão de urgência, já que não havia uma justificativa clara para a declaração. Diante da polêmica, vale o questionamento: no Brasil, o presidente também pode impor uma lei marcial? 

A resposta é não! No entanto, existem outros mecanismos previstos na Constituição Federal que permitem ao governo adotar medidas rigorosas semelhantes. São elas: a intervenção federal, o estado de defesa e o estado de sítio. Na prática, esses decretos limitam a liberdade da população e a colocam sob a administração militar. Entenda a diferença de cada um deles, conforme a Constituição Federal:

Estado de defesa

O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar o estado de defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social, quando ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. Entre as restrições aos direitos da população estão: reunião, ainda que exercida no seio das associações; sigilo de correspondência; e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Saiba mais. 
O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos de: comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa, e declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

Intervenção federal

A decretação da intervenção dependerá de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judiciário; no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral.

A intervenção federal já foi determinada na segurança pública no Rio de Janeiro no dia 16 de janeiro de 2018, pelo então presidente Michel Temer, após o estado declarar estado de calamidade pública no setor em função de uma crise fiscal que paralisou investimentos e até pagamentos de salários.

O anúncio


Em seu pronunciamento, Yoon Suk-yeol impôs a lei marcial no país, dizendo ser necessária para “limpar” o território de espiões pró-Coreia do Norte. Yoon Suk, entretanto, não especificou quais seriam essas ameaças.

“Declaro lei marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças comunistas norte-coreanas, para erradicar as desprezíveis forças anti-estado pró-norte-coreanas que estão saqueando a liberdade e a felicidade do nosso povo, e para proteger a ordem constitucional livre.”Yoon Suk-yeol, presidente da Coreia do Sul

O que é

Conforme o portal G1, a lei marcial está descrita no Artigo 77 da Constituição sul-coreana e diz que a medida pode ser declarada pelo presidente do país “quando for necessário enfrentar uma exigência militar ou manter a segurança e a ordem pública pela mobilização das forças armadas em tempos de guerra, conflito armado ou emergência nacional semelhante.”

Caso fosse mantida, as seguintes regras deveriam ser seguidas, segundo a agência estatal sul-coreana Yonhap:

  • Todas as atividades políticas, incluindo as da Assembleia Nacional, conselhos locais, partidos políticos, associações políticas, manifestações e protestos, estão proibidas;
  • Estão proibidos todos os atos que neguem ou tentem derrubar o sistema democrático liberal, bem como a disseminação de notícias falsas, manipulação da opinião pública e propaganda falsa;
  • Todos os meios de comunicação e publicações estarão sob controle do Comando da Lei Marcial;
  • Greves, paralisações e protestos que incitem o caos social estão proibidos;
  • Todo o pessoal médico, incluindo médicos em treinamento, que esteja em greve ou tenha deixado o setor médico, deve retornar ao trabalho dentro de 48 horas e exercer suas funções de forma fiel. Aqueles que violarem esta regra serão punidos de acordo com a Lei Marcial;
  • Cidadãos comuns inocentes, com exceção de forças anti-Estado e outros elementos subversivos, estarão sujeitos a medidas para minimizar os transtornos em suas vidas diárias.

Contrapartida dos parlamentares

O decreto de Yoon Suk-yeol foi mal recebido pela oposição e demais membros do governo sul-coreano, que agiram rapidamente para pôr fim à medida. Pouco mais de três horas após o presidente anunciar a Lei Marcial, ela foi derrubada.

Durante uma sessão de urgência, o Parlamento sul-coreano aprovou a derrubada da lei marcial, de forma quase unânime, pelos 190 deputados presentes. O Parlamento sul-coreano tem um total de 300 cadeiras.

Mais Artigos