A duplicação do anel rodoviário de Campo Grande foi esquecida na proposta de repactuação da concessão da BR-163/MS, aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Autoridades e órgãos responsáveis defendem a construção de um novo contorno, para retirar a rodovia do perímetro urbano. O motivo é o alto número de acidentes.
A duplicação do anel rodoviário de Campo Grande foi esquecida na proposta de repactuação da concessão da BR-163/MS, aprovada pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Autoridades e órgãos responsáveis defendem a construção de um novo contorno, para retirar a rodovia do perímetro urbano. O motivo é o alto número de acidentes. (veja o novo traçado do
Dados da PRF (Polícia Rodoviária Federal) apontam que, de 2023 até outubro de 2024, foram registrados – ao longo dos 840 quilômetros de extensão da BR-163 em Mato Grosso do Sul – 1.464 acidentes. Só no trecho do anel rodoviário, foram 260 ocorrências – 17% do total. Nesse mesmo período, foram 121 mortes na BR-163/MS, 22 delas no entorno de Campo Grande (18%).
Estimativa aponta que, diariamente, 14 mil veículos trafegam pelo trecho de 25 quilômetros de pista simples que corta pelo menos oito bairros da capital sul-mato-grossense, além de condomínios de luxo.
Desde 2014, ano em que a CCR MSVia assumiu a administração da rodovia no estado, o contorno é debatido. Por um lado, estudo da relicitação da parte norte da BR-163 (Rota do Pantanal) apontava que o trecho atual do anel rodoviário seria duplicado.
Por outro lado, existe um estudo da Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) com a proposta de um novo traçado. Isso foi apresentado à CCR MSVia e à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), mas a previsão desta obra nem foi citada na proposta de repactuação, autorizada pelo TCU em 13 de novembro de 2024.
Segundo o estudo da Planurb, o novo traçado do anel rodoviário teria 37,8 quilômetros, 12 a mais que o atual contorno. A estrada também ligará as saídas de São Paulo e Cuiabá, passando pela BR-262, saída para Três Lagoas. A região proposta para a construção do novo contorno fica a oito quilômetros do atual e a 3,5 km do perímetro urbano de Campo Grande.
“É muito importante para a cidade, principalmente porque a cidade está crescendo muito para esse lado leste, em função tanto da Rota Biocêntrica, quanto da implantação dos pátios de celulose na cidade, no interior do estado, que estão todos nesse lado leste da cidade. Então, é importantíssimo esse novo traçado.”Vera Bacchi, diretora adjunta da Planurb
A infraestrutura do contorno rodoviário da BR-163 não pode ser bancada pelo DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) porque o trecho está sob concessão da CCR MSVia.
É improvável neste momento, mas se um novo contorno rodoviário sair do papel, existem estudos para transformar o trecho atual efetivamente em via urbana.
“Vai se tornar uma avenida. Já estamos os técnicos da Planurb junto com Agetran e vai ser uma via de escoamento de trânsito rápido. Assim como uns anos atrás nós tínhamos o mini anel que englobava uma via muito mais próxima, que hoje é a Ceará, por exemplo, que é mais ou menos paralela a esse novo traçado. E conforme a cidade vai expandindo vai havendo a necessidade de colocar a BR para fora do perímetro.”Vera Bacchi, diretora adjunta da Planurb
O que diz a concessionária da BR-163?
Em nota, a CCR MSVia esclarece que informações devem ser solicitadas para a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), órgão regulador responsável, e que a concessionária segue prestando o serviço de atendimento aos clientes na rodovia sob sua administração.
Sobre o contorno de Campo Grande, a Agência Nacional de Transportes Terrestres esclarece que o anel viário atual já atende às necessidades de nível de serviço da rodovia federal, de acordo com o fluxo de tráfego projetado para os anos da concessão. Por não haver necessidade imediata da execução do contorno, o anel viário não foi considerado na relicitação, nem na repactuação. O contrato prevê revisões quinquenais, oportunidade em que se poderá revisitar as necessidades do sistema rodoviário conforme o tráfego.