O Chile é o primeiro país a estabelecer uma representação comercial em Mato Grosso do Sul, já visando os negócios que serão gerados com o início das operações via Rota Bioceânica. Uma delegação de autoridades e empresários da região de Tarapacá, no norte chileno, está em Campo Grande tratando do assunto.
Demonstrando grande interesse em estreitar essas relações comerciais, os integrantes da comitiva querem com que o porto de Iquique – um dos principais pontos logísticos de embarque e desembarque de produtos sul-americanos via oceano Pacífico – se torne também uma porta de saída de produtos brasileiros rumo ao mercado asiático.
A recepção dos visitantes foi feita nesta tarde de quinta-feira (26) no Receptivo do Parque Estadual do Prosa, pelo vice-governador José Carlos Barbosa e pelos secretários titular e adjunto da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck e Ademar da Silva Junior.
Ministro de carreira das Relações Exteriores do Brasil, João Carlos Parkinson de Castro também esteve no encontro, além de empresários brasileiros. O objetivo central ali foi alinhar os termos para firmar um acordo de cooperação entre Mato Grosso do Sul e o Chile. A expectativa é que até maio o escritório chileno esteja ativo.
Um dos integrantes da comitiva visitante é o gerente geral do porto de Iquique, Don Rubén Castro Hurtado, que pontuou as características que fazem daquele terminal portuário o mais adequado para servir à Rota Bioceânica.
“Sobretudo pela capacidade operacional, quanto pela possibilidade de ampliação, que pode fazer triplicar esse potencial”, destaca Rúben, frisando ainda que Iquique já é uma Área de Livre Comércio, facilitando a tramitação comercial em geral.
MS exportador
Vice-governador, José Carlos Barbosa enxerga o acordo como um instrumento importante de cooperação e destaca que Mato Grosso do Sul tem pretensão de se transformar, em médio prazo, em grande exportador de produtos industrializados para toda a Ásia.
“Hoje a Índia tem uma demanda muito grande de óleo de soja, e compra da China, curiosamente extraído a partir de grãos importados daqui. Podemos rapidamente ocupar esse mercado”, revela, lembrando ainda de produtos como carne e celulose.
Já Verruck aponta que a China comprou 60% de toda exportação sul-mato-grossense no ano passado, abrindo aí uma janela de oportunidade. “Temos como ampliar esse comércio e buscar outros parceiros, como a Índia e até o Japão”, aponta.
As tratativas com os indianos estão mais avançadas, tanto que uma delegação daquele país esteve há poucas semanas no Estado tratando de intercâmbio comercial. Quanto ao Japão, o governador da província de Okinawa e o chanceler japonês devem visitar em breve o Mato Grosso do Sul para mais tratativas comerciais.
“Toda a lógica comercial futura de Mato Grosso do Sul está sendo construída em função da Rota Bioceânica, que fica pronta para começar a operar em dois anos. Até lá, temos uma série de providências que são fundamentais para viabilizar a Rota”, diz Verruck.