ambientalista fez da paixão pelas árvores um ofício

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Quando criança, Nereu Alves Rios viu os pais comprarem toneladas de madeira para produzir móveis em Dourados. O trabalho sustentou a família por anos, mas não foi pelo ofício de moveleiro que ele se encantou.

“Quando menino, cresci pelos ervais de Dourados. A cidade tinha dezenas de cerrarias que beneficiavam essas madeiras e a minha família sobrevivia disso. Você não comprava terra, comprava a mata para derrubar as árvores. Eu ia passar as férias na fazenda de minha avó, em Rio Brilhante, e é como vocês jornalistas, o bichinho que pica. Aprendi a mexer na terra e dali não parei, até hoje busco aprender, busco novas espécies, é paixão”, conta.

Até que o hobby se tornasse um ofício, levou tempo. Nereu trabalhou como funcionário público e chegou a ser prefeito do Parque dos Poderes, em 2013, onde o contato com o meio ambiente e espécies de árvores se tornou parte do cotidiano.

“A gente percebe que não tem muito uma preocupação do poder público federal, estadual, nem municipal com essa questão. Fui funcionário público por determinado tempo e sempre tive meu viveiro por paixão, mas chegou um momento que eu achava que precisava fazer mais”, diz.

Aos 62 anos, Nereu contabiliza mais de meio milhão de mudas confeccionadas e 50 mil árvores plantadas em todo Brasil. Em Campo Grande, além de manter um viveiro que produz de 25 a 30 mil mudas por ano, o trabalho feito pode ser visto em diferentes pontos da cidade, entre eles, Parque das Nações Indígenas, Parque dos Poderes, Bosque do Aeroporto e próximo ao Parque do Sóter.

Nereu Rios continua em busca de novas sementes. — Foto: Arquivo pessoal

Nereu Rios continua em busca de novas sementes. — Foto: Arquivo pessoal

“A gente trata [ a árvore] como um ser vivo, um filho mesmo. Mas o que a gente faz um monte de gente poderia estar fazendo, a fartura de jatobá, por exemplo. Estou começando a trabalhar com espécies mais raras, o custo é muito alto, não tem valorização, mas é paixão, faço com muito gosto”, detalha orgulhoso.

Atualmente, Nereu tem feito expedições pelo Brasil e países vizinhos em busca de sementes novas, que se adaptem ao solo e clima do Estado. “Falar que você vai ficar rico com isso, não vai. Mas se não tivermos árvores, não temos rios, se não tivermos rios, não temos água, alimentos, não temos nada”, finaliza.

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