Com o insucesso do protesto pacifico realizado pelos motoristas do transporte coletivo de Campo Grande realizado nesta segunda-feira (12), pedindo pela inclusão da classe entre os grupos prioritários na vacinação contra a Covid-19, o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) não descarta uma paralisação dos serviços caso não recebam uma resposta até o final desta semana.
“Nós protocolamos um novo documento na Prefeitura de Campo Grande, na Câmara de Vereadores, no Governo do Estado e também na Assembleia Legislativa, ninguém deu alguma resposta”, disse o diretor-financeiro do STTCU, William Alves.
“Caso a gente não tenha uma resposta, iremos realizar uma assembleia. No dia 20 deste mês está sendo organizada uma paralisação nacional e não descartamos a possibilidade de aderirmos”, comentou Alves.
Mais de 900 motoristas do transporte coletivo de Capital foram ao trabalho na segunda, com uma faixa no braço escrita: “Vacina aos trabalhadores do transporte coletivo já”. A classe pede que sejam incluídos nos grupos prioritários por exercerem um trabalho entra em contato constante com diversas pessoas das mais diversas áreas profissionais.
“Todo mundo precisa se vacinar, mas existe alguns grupos que entraram na nossa frente como prioridade que eu não consigo entender. O agente de transito por exemplo, muitas vezes nem tem contato com os motoristas, já nós temos contatos todos os dias com os passageiros que trabalham em todas as áreas imagináveis”, comentou o diretor-financeiro do STTCU. “Até agora cerca de 10 motoristas foram contaminados e 3 faleceram devido a doença”, complementou.
A manifestação foi organizada após a prefeitura de Campo Grande e a SESAU (Secretaria Municipal de Saúde) manterem silencio sobre o assunto mesmo após o envio de um documento enviado a ambos no dia 11 de janeiro. No documento era pedido a inclusão dos motoristas como grupo prioritário.
“O que nós não esperávamos era esse descaso com a gente”, comentou Willian. “Agora demos um prazo até sexta, nem que seja um pronunciamento marcando uma data para conversarmos”, complementou.
Lotação
A situação do transporte público em Campo Grande é alvo de frequentes reclamações, tanto por parte dos usuários como de motoristas. Isso porque a superlotação dos veículos é frequentemente reportado, mesmo com determinação, por decreto, de lotação máxima de 70% da capacidade.
“[Eles] ficam dentro desses ônibus lotados, vulneráveis a pegar [o vírus] e contaminar seus familhares e também os passageiros”, declara Wandressa Rosa, de 32 anos, esposa de um motorista que está há 14 anos no serviço. “Sabemos que temos um número grande de profissionais contaminados”, alega.
Ação civil pública ingressada após vistoria do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) questiona judicialmente a superlotação e falta de protocolo de biossegurança nos terminais durante a pandemia.
Na ocasião, relatório listou uma série de irregularidades às quais os trabalhadores estavam sendo submetidos diariamente. Dentre elas, filas com aglomerações sem distanciamento em pontos e terminais; ônibus cheios; falta de fiscais para controlar o distanciamento; falta do uso de máscara por funcionários; passageiros lavando as mãos nos bebedouros dos terminais e falta de fiscalização; falta de sabonete líquido e papel toalha.
A ação resultou na condenação aos responsáveis para correção dos problemas, em decisão interlocutória do juiz José Henrique Neiva de Carvalho e Silva. Na ocasião, ele destacou o transporte público como meio de mobilidade urbana e em caráter de utilidade pública.