Zebras, favoritas eliminadas e polêmicas: relembre como foi a 1ª fase da Copa do Mundo

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Quatro seleções consideradas fortes para avançar ao mata-mata não conseguiram a classificação; fora de campo, protestos perturbaram a Fifa

A primeira fase da Copa do mundo do Catar acabou. Depois de 13 dias seguidos e 48 jogos, o Mundial chega à fase de mata-mata com apenas 16 seleções. No entanto, muita história boa marcou os primeiros dias de Copa. A começar pelos anfitriões. O Catar estreou em Mundiais com uma campanha vexatória, perdendo as três partidas da fase de grupos e marcando apenas um gol. Foi a pior campanha de um país sede em 100 anos. O que também marcou a primeira fase foram as zebras. A maior delas foi a Arábia Saudita vencendo a Argentina, na primeira rodada, por 2 a 1. O feito foi tão significativo que o governo saudita declarou feriado no país.

Não parou por aí. No dia seguinte, o Japão venceu a Alemanha com enredo parecido, pelo mesmo placar, tendo saído atrás.

Sensação na fase de grupos, Marrocos fez 2 contra a Bélgica e ampliou a lista das surpresas, que ainda teve Tunísia vencendo a França, o Japão vencendo a Espanha e a Coreia do Sul arrancando uma vitória de 2 a 1 contra Portugal, nos acréscimos, e se classificando para as oitavas de final. Os resultados inesperados resultaram em grandes seleções indo para casa mais cedo. A Alemanha foi eliminada pela segunda vez consecutiva em fase de grupos e deixou o brasileiro feliz: os tetracampeões nunca mais avançaram desde o 7 a 1 contra o Brasil, em 2014. A Bélgiva, 3ª colocada na Rússia, apresentou um péssimo futebol e também não passou de fase. Bicampeão, o Uruguai foi superado pela a Coreia no saldo de gols. Dinamarca, que era tida como candidata à surpresa, seguiu o enredo e deu adeus ao Mundial sem ter vencido um jogo. A equipe de Christian Eriksen perdeu a vaga para a Austrália.

Brasil perde jogadores por lesão e decepciona no último jogo

Favorita para levantar o troféu no Catar, a Seleção brasileira começou a Copa do Mundo com tudo. Fez uma ótima apresentação contra a Sérvia e venceu por 2 a 0, com direito a dois gols de Richarlison, sendo um deles uma pintura de voleio. Após o jogo duas péssimas notícias: Neymar e Danilo sentiram lesões no tornozelo que os fizeram perder as duas partidas seguintes. No jogo contra a Suíça, o Brasil teve mais dificuldades de quebrar a forte marcação, mas dominou as ações e, no segundo tempo, balançou as redes com belo gol de casemiro, vencendo por 1 a 0. Alex Sandro lesionou o quadril e virou mais um desfalque para Tite.

Com as duas vitórias, o Brasil se garantiu nas oitavas de final e precisava só de um empate contra Camarões para garantir o primeiro lugar no Grupo G. Tite apostou em um time reserva,  e a Seleção apresentou mais dificuldades. No fim, Camarões marcou um gol com Aboubakar e garantiu a primeira derrota do Brasil em fases de grupos desde 1998. Eram 17 jogos de invencibilidade na primeira fase. Alex Telles sentiu o joelho, foi substituído e chorou muito no banco de reservas. A perspectiva do departamento médico é que Danilo volte para as oitavas de final na segunda-feira, 5, contra a Coreia do Sul, mas Neymar e Alex Sandro ainda são dúvidas. Alex Telles passará por exames.

Protestos e proibições nas arquibancadas chamaram a atenção

Em alguns momentos, o futebol ficou em segundo plano no Catar. O regime com pouca liberdade para mulheres e LBBTs foi fortemente criticado por jogadores, torcedores e até chefes de governo. Por lá, é crime ser homossexual, o que torna proibido expor uma bandeira do arco-íris (símbolo do movimento LGBTQIAP+). Em diversos jogos, torcedores e jornalistas foram barrados por estarem com algum símbolo ou referência ao arco-íris, mesmo que não significasse apoio ao movimento. Um jornalista brasileiro teve sua bandeira do Estado de Pernambuco confiscada somente por causa das cores. Um jornalista norte-americano chegou a ser barrado em um estádio por sua camisa, e até um profissional de um canal de televisão da Bolívia foi impedido de atuar no estádio pelas cores da emissora.

Protestos nas arquibancadas também não foram bem aceitos. Uma mulher iraniana foi retirada do estádio por protestar a favor de Mahsa Amini, jovem morta pela polícia do Irã por usar o hijab de forma incorreta. Duas invasões de campo foram registradas na primeira fase. Uma delas em apoio aos homossexuais, às mulheres iranianas e à Ucrânia. O outro, a favor da Palestina. Mas a polêmica maior foi entre a Fifa e algumas seleções europeias. A entidade proibiu o uso da braçadeira “One Love”, nas cores do arco-íris, com ameaça de cartão amarelo para os capitães. Com medo de perder jogadores na primeira fase, as seleções desistiram do protesto. A Alemanha, no entanto, realizou um ato antes da partida contra a Espanha, em que os jogadores colocaram a mão na boca durante a foto oficial, sinalizando censura. Já Inglaterra tem se ajoelhado em protesto contra o racismo.

Goleadas, craques, pênaltis defendidos e polêmicas com o VAR

A média de gols da Copa do Mundo do Catar, por ora, é quarta menor da história, mas não se pode culpar Inglaterra, Espanha e França por esse dado negativo. Logo no segundo jogo da Copa, o English Team fez 6 a 2 no Irã, com show de Saka. No dia seguinte, foi a vez da França fazer saldo de gols. A Austrália assustou com um gol logo aos 9 minutos, mas os atuais campeões viraram ainda no primeiro tempo e venceram por 4 a 1. Derrotada pelos Bleus na final de 2018, a Croácia também teve seu 4 a 1, contra Canadá. A maior goleada, no entanto, é da Fúria: 7 a 0 sobre a Costa Rica.

Até o momento, cinco jogadores dividem a artilharia do Mundial: o equatoriano Enner Valencia, o holandês Gakpo, o francês Mbappé (FRA), o espanhol Morata e o inglês Rashford, todos com três. Gakpo e Morata marcaram um tento em cada jogo da primeira fase. O atacante holandês do PSV, aliás, já começou a chamar atenção do Manchester United. Aos 23 anos, Mbappé se destacou não só com bola na rede, mas também com dribles e arrancadas. A chance de ser eleito o melhor do mundo em caso de título francês é considerável. No Brasil, Richarlison, autor dos dois primeiros gols da Seleção — sendo o segundo uma pintura — e Casemiro foram os destaques.

Já o VAR é alvo de contestações após a introdução do impedimento semiautomático. A seleção francesa se sentiu lesada e reclamou com a Fifa da anulação de um gol de Griezmann após a arbitragem entender oque o atacante participou do início do lance estando em posição de impedimento. O pênalti dado a Argentina contra a Polônia, após o juiz ser convidado à cabine, também causou indignação. Szczesny, no entanto, pegou a cobrança de Messi — ele já havia agarrado um contra a Arábia Saudita — e ajudou a seleção polonesa se classificar. No último dia da primeira fase, a Fifa divulgou um vídeo para convencer aqueles que duvidaram que a bola do segundo gol do Japão contra a Espanha não havia saído.

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