Bebida alcoólica baixa a imunidade? Como consumir na quarentena

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Durante os dias de reclusão, muitas pessoas acabam consumindo mais bebidas como cerveja, vinho e destilados. Especialistas explicam como ingerir de forma segura

A quarentena tem mudado os hábitos da população brasileira e mundial. E, muitos, levados pela ansiedade, acabam consumindo mais bebidas alcoólicas, como uma forma de relaxar. Porém, o consumo regular de álcool, em especial acima do recomendado, pode contribuir para baixar a imunidade e, assim, deixar uma porta aberta para o coronavírus.

“Não existe, ainda, um consenso sobre o consumo de álcool. Alguns trabalhos afirmam que essas bebidas até oferecem um fator antioxidante para o organismo, mas o fato é que elas, também, atuam como imunossupressores, ou seja, em grande quantidade e com frequência, podem prejudicar o sistema imunológico”, diz a nutricionista Silvia Benvenutti, da Clínica Medicina da Mulher, de São Paulo. Segundo ela, o consumo exagerado de álcool pode ser ainda mais preocupante se a pessoa deixar, por exemplo, de fazer as refeições e substituir o almoço ou jantar pela bebida alcoólica.

Igor Marinho, médico infectologista do Hospital das Clínicas, concorda. “O etilismo crônico, ou seja, consumir mais do que uma dose de álcool todos os dias, pode ser um potencial fator imunodepressor. Abaixa a imunidade e pode tornar a pessoa mais suscetível a infecções. Além de estar associado a potenciais doenças do fígado, desnutrição e problemas renais”, afirma.

De acordo com o especialista, a ingestão de até uma dose por dia, como uma taça de vinho, uma dose de uísque ou um copo de chope, pode ser tolerado. “Mais do que isso, diariamente, já caracteriza consumo abusivo de álcool. As bebidas não estão proibidas, mas o excesso pode predispor o organismo a ficar mais suscetível a infecções”, lembra ele.

A nutricionista Silvia costuma desenvolver estratégias com seus clientes para controlar o consumo dessas bebidas, medidas que podem ser aplicadas durante a quarentena. Segundo ela, uma pessoa que costuma ingerir bebidas alcoólicas deve fazer uso de uma cota semanal, para minimizar os riscos.

A dose máxima seria de uma a duas cervejas do tipo long neck; ou dois chopes; ou uma taça de vinho (de 240 ml) ou uma dose de destilado, como cachaça, uísque ou vodca; de duas a três vezes por semana.

“Oriento a degustar a bebida, e não ingeri-la como uma válvula de escape, sempre alternando com água, pois o álcool acaba desidratando o organismo”, afirma a nutricionista.

“Tem pessoas que são saudáveis e outras, que têm problemas crônicos, como hipertensão, diabetes ou problemas cardiovasculares, que podem se prejudicar mais com o consumo de bebidas”, orienta Silvia.

No caso da cota semanal recomendada, Silvia sugere dividi-la entre os dias ou, ainda, se for o caso, deixar para ingerir álcool num evento específico, como no fim de semana ou numa festa. Mas, como a socialização em grupos está restrita em tempos de quarentena, o ideal seria dividir a quantidade recomendada nos dias da semana, caso a pessoa tenha o costume de ingerir esse tipo de bebida.

“Nos momentos de reclusão, pode ocorrer de a pessoa perder o controle do quanto está bebendo, por isso essas cotas ajudam a manter esse controle e saber, de fato, a quantidade ingerida, sem prejuízo”, afirma.

Substituir refeições por álcool? Não é boa ideia

Silvia lembra que, nestes momentos de quarentena, uma das maiores preocupações das pessoas é a de engordar. Então, a dica é não substituir uma refeição completa por bebidas alcoólicas, achando que estará “economizando” calorias. Isso vale para sempre, independentemente de se estar quarentenado ou não.

“O álcool é, basicamente, puro carboidrato e, por ser um imunossupressor, pode comprometer a saúde se a pessoa trocar o jantar, por exemplo, por quatro cervejas do tipo long neck. Mesmo o vinho, que tem antioxidantes, pode fazer mal se a pessoa ingerir todo dia sem moderação”, lembra ela.

Além disso, a profissional adverte que algumas pessoas têm predisposição para o alcoolismo. E o tempo de quarentena pode fazer o indivíduo criar o hábito de beber, que seria contido no dia a dia, mediante outros afazeres, como o trabalho.

“Em geral, em tempos de quarentena, o que a gente precisa ter é bom senso. Falar que está tudo bem tomar um drinque para relaxar, todo dia, pode ser um problema para quem tem predisposição ao alcoolismo, e essa predisposição pode ser genética. As pessoas compulsivas tendem a ter dificuldade com o controle, especialmente, nos momentos em que se sentem ansiosas, inseguras ou com medo”, diz a nutricionista.

Igor lembra que, neste momento delicado para todos, é muito comum as pessoas abusarem não só do álcool, mas também dos alimentos, comendo demais e deixando de fazer exercícios. “Antes, a pessoa saía de casa, pegava transporte público, subia e descia escada, ou seja, era mais ativa. Agora, é importante não apenas controlar a quantidade de comida e bebida, mas também tentar manter uma rotina de exercícios em casa, mesmo de maneira leve”, orienta ele.

A nutricionista recorda que, por isso, é fundamental tentar manter os hábitos saudáveis no dia a dia, uma certa rotina parecida com a de antes da quarentena. Isso inclui tomar água, comer comida caseira nos horários certos das refeições e, também, se exercitar, como orientou Igor, mesmo que dentro de casa.

“Neste momento que todos estamos passando, é importante manter a hidratação ao longo do dia e caprichar em bons alimentos, como aqueles fontes de vitamina C, caso das frutas cítricas, além de grãos, arroz, feijão, carnes, hortaliças e frutas”, diz ela.

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