Muito antes do Outubro Rosa, perda de amiga para o câncer

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Profissional pretendia atuar em outra área, mas, mudou os rumos após a perda precoce da colega de faculdade. Desde então, orienta pacientes a fazerem o autoexame e tira outras dúvidas em MS.

Jovem, inteligente, disciplinada e sempre “de bem com a vida”. No entanto, o diagnóstico do câncer de mama mudou os rumos e a amiga faleceu em 2013. E o choque, de perder uma pessoa tão jovem para a doença, motivou os rumos na profissão da enfermeira Jéssica Araújo Braga Amoras, de 32 anos. Após se formar, ela iniciou o mestrado voltado para a saúde da mulher e hoje reforça a importância do autoexame, além de outros cuidados.

“Ela entrou na faculdade com 19 anos. Era uma pessoa que se destacava pela inteligência e todo mundo gostava. Lembro que o caderno dela era cheio de anotação e vivia na xerox. Infelizmente, ela descobriu a doença e nós só ficamos sabendo porque éramos do grupo de amigos que conversavam”, disse ao G1 Jéssica.

Jeisi era muito dedicada e inspirou não só Jéssica, como vários colegas de turma — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Jeisi era muito dedicada e inspirou não só Jéssica, como vários colegas de turma — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Na época, a amiga passou pelo processo de quimioterapia e fez 15 procedimentos, entre “pequenas e grandes cirurgias”. Quando Jeisiane Souza Feller faleceu, conhecida como Jeisi, ex-alunos dela também decidiram colocar uma placa em homenagem a ela.

“Eu sempre a via muito bem, muito forte e era algo que, particularmente, impressionava. Talvez eu não agisse daquela forma se fosse comigo. E também não se falava muito no Outubro Rosa, era um assunto que a gente não imaginava ter entre os jovens. Hoje a gente já sabe, existem até estudos que falam que os hábitos alimentares e a genética podem influenciar”, comentou.

Turma da faculdade, a qual Jeisi fez parte (primeira da segunda fileira, à esquerda) — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Turma da faculdade, a qual Jeisi fez parte (primeira da segunda fileira, à esquerda) — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Conforme a enfermeira, logo ela pensou em atuar na área de oncologia e hoje trabalha com atenção primária, fazendo a pré e pós-consulta com as pacientes. “Hoje eu faço o meu papel de enfermeira e, diariamente, dou orientações como fazer o autoexame de mama 7 dias após a menstruação e também reafirmamos tudo o que o médico passou para elas”, explicou.

No início, quando começou os estudos, Jéssica pensou que atuaria na área de gestão hospitalar. “Eu sempre gostei, mas, teve a perda dessa amiga e a vida foi me levando para este caminho. No mestrado, o meu orientador me incentivou também e acabei estudando mais sobre o pré-natal, papa nicolau e tudo desse fluxo de vida da mulher”, relembrou.

Jéssica e a amiga Jeisi na colação de grau da faculdade — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Jéssica e a amiga Jeisi na colação de grau da faculdade — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal

Durante os estudos, a enfermeira conta que visitou inúmeros postos de saúde da cidade e entrevistou diversos colegas de profissão. “Entendi ainda mais a importância da enfermagem neste processo. Em muitos casos, somos muito mais acessíveis do que os médicos e a atenção primária é fundamental. Eu faço toda a abordagem, de receita até a manipulação e também entendo que, em muitos casos, o enfermeiro é muito mais acessível que o médico, então precisamos investir sempre na prevenção”, ressaltou.

Sobre o Outubro Rosa, Jéssica comenta que é o momento em que os profissionais reafirmam o trabalho de acolhimento e humanização. “Eu procuro estar sempre disposta a ajudar. A sensação de gratidão é contínua e eu falo que a enfermagem é uma missão, que é ela quem escolhe as pessoas para estarem nessa missão. Tem que ter um olhar diferenciado, ser bom ouvinte, um conjunto de coisas”, finalizou.

Profissional orienta pacientes em hospital particular de Campo Grande — Foto: Jéssica Amoras/Arquivo Pessoal
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