A senadora Simone Tebet (MDB-MS) questionou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, sobre a eficácia da CoronaVac para quem recebeu a segunda dose acima do prazo estipulado de 28 dias. Durante oitiva na CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (27), Simone trouxe a angústia de muitos sul-mato-grossenses que a procuraram com esta dúvida.
Segundo informações a falta de imunizantes para garantir a aplicação da segunda dose afetou entre 100 mil e 120 mil sul-mato-grossenses.
“O que acontece aqui em Mato Grosso do Sul e está acontecendo no Brasil? O Ministro Pazuello orientou os Estados e Municípios que usassem essas doses extras que estavam reservadas para a segunda dose para serem aplicadas para a primeira dose. Num primeiro momento, parece até uma estratégia interessante. Seria, se tivéssemos certeza de que as outras vacinas chegariam para serem aplicadas em tempo hábil para aqueles que receberam a primeira dose. Não chegaram. No meu Estado, está havendo uma média de atraso de 20 dias, além dos 28 dias de intervalo da primeira e segunda dose. Portanto, fica aqui a minha preocupação de ordem prática, sanitária, em nome dessas pessoas que estão angustiadas: o que dizer a esses brasileiros que não receberam a segunda dose em tempo hábil? Eles estão imunizados? Há estudo científico comprovando? Se não há, de que percentual? Nós teríamos de estar garantindo aí um exame de teste em massa, até como efeito também científico para estudos posteriores, para podermos ter uma segurança? Nós estaríamos falando ou pensando, talvez, em uma terceira dose para compensar essa segunda dose e, com isso, fazer um reforço?”, questionou Simone.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, respondeu que mesmo com o atraso, as pessoas estarão, sim, imunizadas. Elas precisarão de mais tempo para completar o ciclo da imunização, mas ele afirmou que o importante mesmo é fazer as duas doses. “Se a pessoa tomar a segunda dose com 40, 50, 60 dias ela terá completado o seu esquema vacinal. O que não pode é não tomar a segunda dose. A primeira dose já confere uma proteção, mas a segunda é fundamental”, disse.
Em relação a uma terceira dose, ele afirmou ao longo da reunião da CPI que já há estudos sobre a possibilidade de aplicação anual contra o coronavírus, assim como ocorre com a vacinação de gripe.
Depoimento demolidor
A senadora Simone considerou o depoimento de Dimas Covas um dos mais importantes na CPI até o momento por deixar claro que, “na ordem cronológica, quando o Governo acordou que não ia conseguir comprar um número de vacinas suficientes com outros laboratórios, quando percebeu que a pandemia estava começando a ficar sem controle, correu atrás do Butantan. Acho que o depoimento de V. Sa. é demolidor quando diz o seguinte: ‘Já era tarde, comemos barriga. Quando nós pudemos reapresentar a oferta de praticamente 100 milhões de doses, nós já tínhamos nossos parceiros com compromissos firmados com outros países em relação a insumos’. Se nós tivéssemos tido aquela contratação, talvez algo em torno de 10 milhões de doses asseguradas, nós não teríamos esse atraso de maio para setembro”, disse concluindo que, talvez, tivesse sido possível imunizar em tempo hábil muitas pessoas e evitar mortes. (Informações da assessoria)