O projeto Ilumina Pantanal, que por meio de um sistema individual de geração e armazenamento de energia com placas solares e bateria de lítio, está universalizando o acesso a eletricidade em áreas pantaneiras remotas em Mato Grosso do Sul, se tornou uma referência para esse serviço chegar a outras localidades de dificil acesso no país.
A informação é do CEO da Energisa, Ricardo Botelho. Nesta quarta-feira, ele junto com o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB) e os diretores da Energisa MS, Marcelo Vinhaes (presidente) e Paulo Roberto dos Santos (técnico), fizeram uma visita técnica a Porto São Pedro, na região do Pantanal do Paiaguás, onde o sistema vem sendo implantado.
“A Energisa está presente em grande parte da Amazonia Legal. Temos projeto no Acre, no Alto Jurua, onde essa tecnologia está sendo aplicada em uma vila de 200 unidades consumidoras e pretendemos usar também em outros lugares remotos em que trabalhamos aqui em Mato Grosso do Sul, em Mato Grosso, no Acre, em Tocantins. Tem muitas possibilidades”, apontou.
Para o ministro das MInas e Energia, Bento Albuquerque, o Ilumina Pantanal é uma “recompensa”, uma mostra do quão são importantes as políticas públicas. “É um programa de inclusão social tão importante para essas localidades que estão isoladas. EU estou aqui muito feliz, estou recebendo um verdadeiro presente, uma recompensa por esse programa que já traz tantos benefícios”.
O ministro apontou ainda que tem dentro do planejamento executado pela pasta cresce em importância o uso das fontes renováveis na matriz energética do país, como a energia solar, a eólica e a biomassa. “São muito importantes, ainda mais nesse período de escassez hídrica. Essas fontes são fundamentais para que a sociedade brasileira tenha segurança energética”.
Comitiva em deslocamento pelo rio Paraguai
O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), por sua vez, ressaltou que a chegada da energia elétrica ao Pantanal é uma conquista histórica. “Energia no Pantanal há muitos anos era fala e sonha por muitos. Nós que temos esse bem de consumo muitas vezes não entendemos o valor que tem a energia elétrica. Esse projeto é um ganho extremamente importante para todos nós de Mato Grosso do Sul, mas especialmente ao homem e a mulher pantaneira, pelo esforço que fazem para preservar esse bioma”.
Para o presidente do sindicato rural de Corumbá, Luciano Aguilar, a univesalização é uma conquista para o produtor pantaneiro, que sempre lutou pela chegada da energia, além de buscar sempre melhor infraestutura para a região. Ele lembrou que as propriedades rurais da região tendo energia, vai ficar mais fácil até mesmo o combate aos incêndios florestais . “A energia vai ajudar na comunicação entre a fazenda e a cidade”.
Após evento na fazenda Porto São Pedro, as autoridades foram fazer uma visita a catadora de iscas Enaurina da Silva Rodrigues, de 59 amos. Ela foi uma das primeiras ribeirinhas a ser beneficiada pelo projeto Ilumina Pantanal e diz que sua vida mudou a partir da chegada da eletricidade. Comemora, principalmente, ter ganhado uma geladeira – da executora do projeto, a concessionária que atende a maior parte dos municípios do estado, a Energisa.
“Mudou muitas coisas, inclusive com a geladeira, porque nunca ia ter condições de ter uma geladeira. Agora tomamos água gelada. A comida não estraga. Antes, nos dias muito quentes tínhamos que pedir gelo para os turistas e não eram todos que ajudavam. A chegada da energia é a realização de um sonho”, comentou.
O projeto
Além da Energisa, são parceiros do projeto o governo de Mato Grosso do Sul, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Eletrobrás e o Ministério das Minas e Energia.
O gerente do projeto Heber Selvo, explica que a iniciativa de levar energia elétrica para uma das regiões mais remotas de Mato Grosso do Sul nasceu após mais de 5 anos de pesquisas e R$ 10 milhões investidos nos estudos.
A iniciativa foi criada, conforme ele, levando em conta a preservação do meio ambiente – desenvolvendo uma tecnologia que não agredisse o bioma; e a questão logística – com a utilização de materiais que tivessem um volume e um peso menor, possibilitando reduzir os custos com transporte e com manutenção.
O resultado foi um kit de energia solar com quatro placas e componentes de várias partes do mundo. O custo de cada kit é de aproximadamente R$ 64 mil e 60% é custeado pelo Programa Luz para Todos, do governo federal.
Ao todo, a Energisa e o governo federal estão investindo R$ 134 milhões no projeto.
Até dezembro a Energisa pretende beneficiar 1.335 famílias com a iniciativa, atingindo a meta total do programa, 2.090 famílias espalhadas por uma área de 92 mil quilômetros quadrados em Corumbá, Aquidauana, Coxim, Ladário, Porto Murtinho, Rio Verde de Mato Grosso e Miranda, até abril de 2022.
Autoridades com moradora da região
Cliente convencional
O gerente do projeto diz que o pantaneiro que é beneficiado com o projeto é um cliente convencional da empresa, tanto que pode usufruir, por exemplo do benefício da tarifa social. Ele diz que após a instalação do kit, a própria empresa se encarrega de fazer uma instalação primaria na casa da família, com três lâmpadas de LED e duas tomadas.
O sistema, de acordo com Héber, foi projeto para atender a demanda de uma casa com três lâmpadas, uma geladeira e uma televisão. E sua bateria, de lítio, tem capacidade para atender a casa por até dois dias, mesmo sem a captação – em dias nublados ou com chuva forte, por exemplo.
O valor da conta pode variar, conforme ele, se a família for beneficiária da tarifa social até 100% de desconto – para índigenas e quilombolas, em torno de R$ 35 para outros tipos de beneficiários e até a R$ 60 se o consumidor for produtor rural.