30 anos do planoReal

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Há 30 anos, em 1° de julho de 1994, o real era colocado em circulação. Apesar de ser a maior marca do Plano Real, essa foi só a ponta final de um extenso plano econômico que pôs fim a uma era de hiperinflação e constantes trocas da moeda corrente do Brasil.

De lá para cá, o real já se desvalorizou bastante. A inflação oficial do país acumulou alta de 708% nesses 30 anos.Uma moeda de um real hoje,equivqle a -,12 R$ na época.

Parece bastante, mas não se compara com a dimensão do problema que o real veio resolver. Em 1992, no início do governo de Itamar Franco, o Brasil registrava uma inflação superior a 2.000% ao ano. As remarcações de preços de produtos básicos eram diárias — quando não aconteciam mais de uma vez ao dia.

Governos anteriores haviam lançado um punhado de planos econômicos frustrados, incluindo o rumoroso Plano Collor, que chegou a confiscar o dinheiro da poupança dos brasileiros e forçar um congelamento nos preços para controlar os índices.

Tudo havia dado errado, até chegar o Plano Real. Desenhado por uma equipe econômica composta por nomes, como Fernando Enrique Cardoso, Pérsio Arida, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e André Lara Resende, o novo plano pôs fim à crise inflacionária e deixou a catástrofe de preços na memória.

Os anos que precederam o Plano Real foram marcados, sobretudo, pela hiperinflação, que era de 2% a 3% por dia. Trata-se de um percentual próximo ao que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registra em quase um ano.

O administrador de empresas Gilberto Rodrigues, de 62 anos, viveu cinco mudanças de moeda no país. Por várias vezes, esteve presente nas tradicionais corridas aos supermercados para garantir produtos básicos antes da remarcação dos preços.

Gilberto lembra que muitos colegas compravam o maior modelo disponível de refrigeradores para armazenar o quanto fosse possível de alimentos perecíveis, e assim garantir preços menores. “Era uma época muito difícil. Lembro da máquina de remarcação de preços a todo vapor nos supermercados”, conta.

“Na época, não existia a tecnologia dos códigos de barras, e todos os produtos da prateleira recebiam uma etiqueta com o valor. O produto tinha um preço pela manhã, outro à tarde e amanhecia com um valor ainda maior”.

A família de Rodrigues tinha o hábito de fazer as compras assim que o salário caísse na conta. Guardar dinheiro era sinônimo de perda do poder de compra. E a prática de não poupar era comum na época.

O engenheiro José Nagib Miziara, de 75 anos, trabalhava no setor público como professor de engenharia. Antes do Plano Real, diz ele, “era difícil muito chegar ao fim do mês com algum dinheiro” sobrando na conta, mesmo com o salário pingando na conta todo mês.


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