Surto respiratório e dengue: sem vagas, crianças são vítimas do caos na saúde de Campo Grande

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O quadro da criança de 3 anos que morreu com suspeita de Dengue Hemorrágica, em Campo Grande, na última quarta-feira (29), se agravou em poucos minutos depois da entrada no Hospital Universitário, que estava lotado. A morte da criança acontece em meio ao caos instalado na saúde de Campo Grande diante de surto respiratório que lota unidades básicas, de emergência e hospitais públicos e particulares.

As crianças ficam dias em CRSs (Centro Regional de Saúde) e UPAs (Unidade de Pronto Atendimento) recebendo atendimento para estabilizar o quadro de saúde, até que uma vaga apareça.

A situação, conforme os relatos dos pais, se agravou nesta semana e até esta quinta-feira (30), de acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Campo Grande registrava uma demanda diária de 50 crianças à espera de vaga em hospitais. A reportagem apurou que a lotação nos leitos infantis dos hospitais é tão crítica que até unidade de saúde particular solicitou vaga ao SUS (Sistema Único de Saúde).

Por meio da assessoria de imprensa, a Sesau tem confirmado o aumento na demanda por atendimento infantil nas unidades, que nos últimos 15 dias chegou a 30%.

Morte por dengue aconteceu em minutos

Em relação ao caso da criança que morreu por dengue, de acordo com o hospital, a criança chegou no início da tarde da quarta em estado gravíssimo, após ser levada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). 

Devido à lotação do hospital, a equipe remanejou uma outra criança para receber a de 3 anos que estava na área vermelha, com suspeita de dengue. “Em poucos minutos evoluiu para parada cardíaca e hemorragia pelo tubo, não respondendo às manobras de reanimação”, informou o HU. 

Uma amostra de sangue foi colhida para a pesquisa de doenças, mas os exames ainda não estão prontos e não foi confirmada a causa da morte, informou o hospital. O corpo da criança foi levado para o Serviço de Verificação de Óbito do município.

A coleta de sangue de sorologia resultou em arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente por mosquitos) e painel de vírus respiratório.

Se a causa da morte for confirmada, este será o nono óbito por dengue no Estado, segundo boletim epidemiológico da SES (Secretaria de Estado de Saúde).

Surto respiratório lota unidades de saúde

Mato Grosso do Sul tem 1.396 pacientes hospitalizados em decorrência de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), são 170 a mais que há uma semana. As crianças seguem sendo as mais afetadas, representando 50% dos casos entre zero e 9 anos de idade.

De acordo com a Sesau, nos últimos 15 dias, houve aumento de 30% na demanda por atendimento nos postos de saúde de Campo Grande. A volta das aulas é o que explica o pico nos atendimentos.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde de Campo Grande, Veruska Lahdo, somente na semana passada, 53 crianças de zero a nove anos estavam internadas em decorrência da SRAG. Várias outras crianças aguardam em UPAs por uma vaga em hospital.

A superlotação, com horas e horas de espera, se tornou rotina em unidades de saúde pública de Campo Grande, mas não se resume a elas. O cenário é parecido em hospitais particulares, que também vivem dias de superlotação, principalmente na ala pediátrica.

O que é a dengue hemorrágica?

A dengue hemorrágica, também conhecida como dengue grave, ocorre quando há complicações relacionadas à infecção do vírus da dengue, especialmente associadas a fenômenos hemorrágicos como os sangramentos.

De acordo com o infectologista do HU, Alexandre Bertucci, os sinais aparecem comumente após o período em que não há mais febre, entre o 3º e 7º dia da doença.

“Os principais sintomas da dengue grave são dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos importantes de pele ou mucosas como as gengivas, sonolência excessiva, redução da quantidade de produção de urina, sensação de desmaio e baixo valor de pressão arterial”, explica o médico.

A orientação é que as pessoas com suspeita de dengue procurem o atendimento médico imediatamente para a avaliação e classificação do risco de gravidade. “Atualmente não existe tratamento específico para a dengue. Ele é baseado no controle dos sintomas e na hidratação que deve ser vigorosa, podendo ser realizada por meio da ingestão de líquidos ou aplicação de soros pela via venosa”, orienta o infectologista.

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