A Força Nacional vai fortalecer a segurança na área de conflito agrário entre indígenas e fazendeiros, na área chamada de Panambi-Lagoa Rica, em Douradina MS. O envio dos militares foi autorizado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) em uma portaria publicada nesta quarta-feira (17).
Desde o último domingo (14), indígenas e fazendeiros estão em conflito por terras na região. O cerco de tensão começou a se formar nos últimos dias.A área de conflito entre indígenas e fazendeiros fica em Douradina, região Sul do estado. Após ocupação de algumas propriedades, os indígenas reivindicaram os locais como “terras ancestrais”. Já os fazendeiros alegam serem donos das áreas rurais. Os casos de agressão aos povos originários são investigados pela Polícia Federal.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) denunciaram as agressões sofridas pelos indígenas. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) enviou equipes para o local nesta quarta.
Força Nacional
Desde 10 de julho, a permanência da Força Nacional da região de conflito estava vencida.Os militares continuaram em Doutrados MS, até a renovação, feita nesta quarta, com a assinatura do ministro Ricardo Lewandowski.
Após liberação, os militares da Força Nacional foram encaminhados para Caarapó, cidade vizinha à Douradina. Conforme o secretário-executivo do MPI, Eloy Terena, os policiais serão concentrados na região Sul do estado, onde existe uma maior concentração de conflitos agrários.
“A Força Nacional pode se movimentar quando houver necessidade. Os casos de conflitos atuais envolvem terras tradicionalmente ocupadas. Há registros de conflitos indígenas em Douradina, Caarapó e Juti”, afirmou o secretário-executivo.
Os militares da Força Nacional vão ser incorporados às forças de segurança da Polícia Federal, na região de fronteira e nas aldeias indígenas. A portaria que garante a permanência dos policiais tem validade de 90 dias.
Um indígena guarani kaiowá foi baleado durante um conflito por terra, no fim de semana, em Douradina, a 192 quilômetros de Campo Grande.
A Polícia Civil informou que um grupo com pelo menos oito de indígenas invadiu uma propriedade, que fica dentro da área reclamada. Os proprietários teriam, então, utilizado bombas e fogos de artifício para expulsar os guarani kaiowá.
Após o conflito, a Funai informou que fez contato com lideranças da região que confirmaram que um homem foi baleado na perna e levado para o hospital em Dourados. A Polícia Civil, entretanto, disse que não foi informada de que um indígena teria sido baleado.
Em nota, a Defensoria Pública da União (DPU) informou que acompanha com preocupação o caso e acionará o Conselho Nacional de Direitos Humanos para acompanhamento. Além de solicitar ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) agentes para fazer o policiamento no local do conflito.
“A principal preocupação neste momento é com a vida e a integridade física das pessoas que estão no local”, destaca a defensora Daniele Osório.