Dragagem no Paraguai
As secas extremas que afetam a região de Corumbá e Ladário estão colocando em risco a capacidade de empreender e manter as atividades econômicas locais. Com os níveis de água historicamente baixos no Rio Paraguai, o impacto econômico já é estimado em R$ 3 bilhões, afetando não apenas as empresas da região, mas a economia em geral, inclusive os cofres públicos.
Além da baixa lâmina d’água, a navegação no rio tem sido severamente prejudicada pelo assoreamento, o que inviabiliza o transporte de produtos essenciais, como minérios, fertilizantes e grãos. Esta situação vem se agravando nos últimos anos e, preocupado com o quadro, o vereador Chicão Vianna destacou, na Câmara Municipal, que a solução mais viável é a dragagem de trechos do Rio Paraguai.
“A navegação no Rio Paraguai, essencial para o transporte de mercadorias como minérios, fertilizantes e grãos, tem sido gravemente afetada pelo assoreamento e pelos baixos índices de lâmina d’água. Isso dificulta a movimentação das barcaças e empurradores, resultando em atrasos e aumento nos custos operacionais”, observou o vereador.
De acordo com Vianna, as empresas de mineração e siderurgia, que dependem do transporte fluvial, estão enfrentando perdas financeiras significativas. Além disso, o aumento da utilização do transporte rodoviário eleva ainda mais os riscos e os custos operacionais.
“Hoje, nossa região não conta mais com a ferrovia, que está sucateada e sem condições mínimas de atender às necessidades do transporte. Agora, enfrentamos essa crise hídrica que afetou diretamente a hidrovia, por onde escoava grande parte da produção local, especialmente o minério. A alternativa é o transporte rodoviário, mas a infraestrutura da BR-262 não é adequada para a grande demanda”, explicou.
O tráfego intenso de veículos de grande porte na BR-262, transportando minérios e outros produtos, tem causado sérios problemas, incluindo um aumento significativo nos índices de acidentes, com vítimas fatais.
“Recuperar a rodovia, inclusive com a implantação de uma terceira via, é urgente. Contudo, sabemos que isso demanda um alto custo e se trata de uma obra de longo prazo. Como não temos mais a ferrovia, a única solução é a dragagem do Rio Paraguai, viabilizando a navegação fluvial, que permitiria o transporte de nossos produtos com mais segurança e custos menores”, afirmou o vereador.
Volta da AHIPAR
Diante do quadro, Vianna sugeriu que haja uma união de esforços entre todos os vereadores e autoridades locais para buscar o retorno da Administração Hidroviária do Paraguai (AHIPAR) a Corumbá, além de obter o apoio do IBAMA para viabilizar a dragagem em trechos do Rio Paraguai, permitindo a retomada da navegação.
“É preciso cobrar agilidade. Diante dessa situação, é fundamental que o Governo Federal, por meio do IBAMA e do DNIT, tome providências rápidas para mitigar os impactos do assoreamento e garantir a manutenção da calha de navegação do Rio Paraguai”, argumentou Vianna, lembrando que qualquer intervenção no rio precisa passar pela autorização do IBAMA, enquanto o retorno da AHIPAR depende do DNIT.
“O processo não pode ser paralisado pela burocracia, pois isso prejudica o livre comércio entre os países do Mercosul. O Tratado Internacional da Bacia do Rio da Prata, em vigor desde 14 de agosto de 1970, assinado em Brasília em 1969, deve ser respeitado para que a economia e as comunidades de Corumbá e Ladário possam sobreviver e prosperar”, acrescentou.
Crise Econômica e Social
O vereador também alertou que a crise hídrica tem gerado um efeito dominó, afetando diversos setores da economia local. “Estou muito preocupado com a indústria do turismo, que sofre com a redução do fluxo de visitantes, desestimulados pelas condições adversas do rio. A importação de combustíveis, ureia e fosfatos também enfrenta dificuldades, o que resulta em custos operacionais mais altos, que acabam sendo repassados aos consumidores”, lamentou.
Vianna também ressaltou os impactos para a pecuária, um setor vital para a economia da região. “O transporte de gado e produtos pecuários pelo Rio Paraguai é fundamental, e qualquer interrupção nesse serviço pode ter consequências graves, como o aumento do desemprego em Corumbá e Ladário. Estima-se que aproximadamente 12.100 empregos (3.850 diretos e 8.250 indiretos) estão em risco devido à paralisação das atividades hidroviárias.”
Arrecadação em Queda
A falta de manutenção da calha do Rio Paraguai não afeta apenas as empresas da região, mas também resulta em uma queda drástica na arrecadação de impostos. A estimativa é de que a perda anual de arrecadação seja de cerca de R$ 891 milhões, incluindo tributos como PIS/COFINS, ICMS, IRPJ/CSLL e CFEM. “Esse cenário prejudica a capacidade dos governos federal, estadual e municipal de investir em infraestrutura e serviços públicos essenciais”, concluiu Vianna.
Com o agravamento da crise hídrica e a situação do transporte fluvial, a região de Corumbá e Ladário enfrenta desafios econômicos e sociais complexos. A busca por soluções imediatas, como a dragagem do Rio Paraguai e o retorno da AHIPAR, é essencial para garantir a continuidade da atividade econômica e a preservação dos empregos na região.