Ao vasculharem os pertences do pai, falecido há pouco tempo, os irmãos Pereira Magalhães de Araguaína, no norte do Tocantins, encontraram uma mala repleta de notas e moedas antigas, que somam um valor nominal de quase 32 milhões de Cruzados. No entanto, a quantia que, no papel, aparentava ser uma fortuna, perdeu seu valor monetário ao longo dos anos devido às várias mudanças de moeda ocorridas no Brasil.“Chegou o tempo que ele faleceu, nós entravamos na casa dele e não mexíamos em nada. Até que encontramos uma mala cheia de dinheiro”, relatou Waloar Pereira Magalhães, técnico de manutenção e um dos herdeiros. As cédulas e moedas, datadas da década de 1980, trazem impressões de personalidades e políticos da época, um detalhe que despertou a esperança dos irmãos em poder trocar o “tesouro” encontrado.Entretanto, conforme especialistas, a herança pode não ter qualquer valor financeiro. O presidente do Clube Numismático do Rio de Janeiro, André Luiz Padilha, afirmou que parte da desvalorização das notas e moedas se deve às condições de armazenamento feitas pelo falecido. “O fato de ele ter encontrado as cédulas dobradas, já todas unidas, com manchas, marcas, dobras, e por serem cédulas que tiveram uma grande produção… têm um valor numismático já muito baixo comparado às cédulas muito novas. Então, para as cédulas gastas, já não tem mais valor nenhum”, explicou Padilha.A numismática, ciência dedicada ao estudo e à valorização de moedas e cédulas antigas, poderia oferecer aos irmãos uma saída caso alguma peça fosse considerada rara. Mas, segundo Padilha, a condição das notas, somada à grande quantidade impressa na época, dificulta ainda mais a obtenção de compradores interessados.Waloar ainda alimenta uma esperança: “Se Deus ajudar, e ainda tiver um jeitinho no banco de fazer a transformação dele, dava para a gente começar uma nova vida”. No entanto, com o Cruzado sendo substituído pelo Cruzado Novo em 1989 e pelo Real em 1994, o Banco Central não realiza mais trocas desse tipo de moeda.
